Superatletas driblam a idade e colhem frutos de uma vida regrada

A longevidade tem sido um desafio na carreira de atletas. Alguns conseguem driblar os anos e se manter competitivos. O quarterback Tom Brady, o atacante Cristiano Ronaldo e os tenistas Roger Federer e Rafael Nadal são referências neste assunto. Eles estão há duas décadas jogando em alto nível, contrariando as dificuldades físicas e o desgaste da idade.

Aos 44 anos, Tom Brady ainda é um dos principais nomes da NFL, a liga de futebol americano. No ano passado, comandou o Tampa Bay Buccaneers à vitória no Super Bowl LV, conquistando seu sétimo anel. Não é pouco quando se pensa num esporte de contato físico.

Da mesma forma, nas quadras de qualquer piso, Federer, de 40 anos, e Nadal, de 35, já garantiram um lugar entre os maiores do tênis de todos os tempos. São 20 títulos de Grand Slam para cada um.

A alimentação, boas horas de sono, vida regrada e exercícios regulares ajudam essa turma a se manter em forma. Brady, Cristiano, Nadal e Federer fazem há tempos dietas e treinamentos diferentes e têm muito cuidado com o corpo.

Em parceria com seu treinador pessoal, Alex Guerrero, Brady até lançou em 2017 o livro O Método TB12, que promete auxiliar atletas profissionais e amadores a também alcançarem o auge da forma física por meio de técnicas de treinos, nutrição e maleabilidade muscular, conceito para tornar a pele mais elástica para aumentar a mobilidade corporal.

A dieta é formada por vegetais, cerca de 80%. Os 20% restantes são de proteínas. Ele não se alimenta menos de três vezes ao dia. O multicampeão prioriza alimentos orgânicos e integrais. Evita consumir álcool, glúten, café e laticínios.

CR7 faz seis refeições por dia, com especial atenção para as duas últimas, sempre com frutos do mar e saladas.

Nadal e Federer têm sido reféns de contusões e cirurgias. Mesmo assim se cuidam para tentar se manter nas quadras. O espanhol come arroz, peixes, verduras e mariscos, comuns na ilha de Maiorca, sua terra natal. As barras energéticas foram substituídas por tâmaras, consideradas mais saudáveis e consumidas a cada 40 minutos nos jogos.

O quarentão Federer passou por duas cirurgias no joelho no ano passado. Voltou em março, mas desistiu da Olimpíada. O retorno às quadras só deve acontecer em 2022. O suíço se diz mais livre à mesa – há alguns anos, negociou com sua nutricionista para comer guloseimas. No cardápio estão crepes e waffles pela manhã, acompanhados de suco natural. A massa é essencial no almoço, muito por conta da energia gasta em treinos. A disposição para acompanhar a rotina também vem das bananas e barrinhas. Mas o que chama a atenção é sua escolha por doces. Federer já afirmou que “precisa de seu sorvete, e seu chocolate”. Como bom suíço, também se rende aos queijos.

Quando veem um esportista sustentando as boas performances mesmo depois de “velhos”, pessoas comuns podem encontrar inspiração para se exercitarem e levarem uma vida mais ativa e saudável. “O esporte sempre foi usado como exemplo de estilo de vida. E as pessoas funcionam como espelho”, diz Fernando Torres, diretor geral do Cefit (Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício e Treinamento) e diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

Depois dos 40

Comida caseira, yoga, pilates, oito horas de sono e treinos personalizados fazem parte da receita das jogadoras de vôlei que se mantêm em alto nível mesmo depois dos 40 anos. As centrais Carol Gattaz, de 40 anos, do Minas Tênis Clube, Walewska, que defende o Dentil Praia Clube aos 42 anos, e Valeskinha, que completou 45 anos e atua pelo Curitiba Vôlei, afirmam que a longevidade é resultado dos cuidados que tomaram ao longo da carreira.

Valeskinha afirma que manteve os bons hábitos ao longo da carreira. “Os hábitos são os mesmos de quando eu era mais nova. Eu estou colhendo agora o que plantei naquela época”, diz a jogadora.

Carol Gattaz afirma que seu desempenho físico e técnico vem melhorando com o passar dos anos. “É uma rotina de esportista mesmo. Venho melhorando a alimentação. Coloquei um ‘plus’ na ioga e os alongamentos. Além das oito horas de sono, procuro descansar à tarde. A recuperação é importante”, explica.

Para Walewska, a preocupação preventiva em relação às lesões tem dado certo. “Quanto antes os atletas identificarem os cuidados necessários, maior será a chance de terem vida longa e sem grandes lesões. A prevenção é o remédio mais poderoso dos atletas, mas ela requer paciência e dedicação”, recomenda.

As três são unânimes ao afirmar que o acompanhamento individualizado dos clubes têm sido fundamental para chegarem tão longe. Alexandre Marinho, preparador físico do Minas Tênis Clube, diz que os conceitos de Eficiência e Individualização ganharam espaço nos últimos anos. Com isso, os planos de treinamento para determinado atleta são traçados antes mesmo de a temporada começar.

Membro da comissão técnica nas últimas seis temporadas, ele afirma que o monitoramento é tão detalhado que os movimentos podem indicar como Carol está se sentindo no treino ou jogo. “Monitoramos esforço e recuperação, sono, bem-estar, força e potência, dor, composição corporal, parâmetros de saltos, além de análise de cada gesto no treinamento. Cada salto e aterrissagem já me dão sinais motores de como ela está naquela sessão”, diz o especialista.

Os preparadores reconhecem que os treinos são ajustados para cada faixa etária, principalmente acima dos 40 anos. “Normalmente o volume do treinamento técnico é reduzido, dando mais espaço para o treinamento físico. Exercícios preventivos, mobilidade, flexibilidade, muito treino de força , além dos métodos de recuperação passam a ocupar um tempo maior na rotina deste atleta”, diz Alexandre.

Renato Fonseca, preparador físico do Dentil Praia Clube, acha importante a integração entre áreas da preparação física, área médica e comissão técnica para controlar cargas de treino das atletas. “A integração das áreas de treinamento, a dedicação e o entendimento dos processos por parte dos atletas, também em relação à importância da recuperação e dos seus hábitos, fazem com que ele consiga ter uma carreira mais saudável e mais longa”, opina.

Agência Estado

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