Aumenta pressão sobre Bolsonaro e ministro Milton Ribeiro

A pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, aumenta a cada hora. Os pedidos são de investigações e de exoneração do chefe da pasta. Na segunda-feira, o jornal “Folha de S. Paulo” divulgou um áudio de uma reunião na qual Milton Ribeiro afirma que houve um “pedido especial” de Bolsonaro para atender aos pleitos do pastor Gilmar Santos. Ele e outro líder evangélico, pastor Arilton Moura, que não têm ligação com a administração pública, são apontados como articuladores de uma espécie de gabinete paralelo do ministro, ao intermediar reuniões entre prefeituras e a pasta para liberação de recursos.

Nota – Em nota, o ministro da Educação negou que o presidente Jair Bolsonaro tenha pedido atendimento preferencial a prefeituras apadrinhadas por pastores, contrariando o que havia dito no áudio vazado. Ribeiro afirmou ainda que todas as solicitações feitas à pasta são encaminhadas para avaliação da área técnica. O ministro, no entanto, admitiu ter se encontrado com os dois pastores. Num dos trechos, ele afirma: “Registro ainda que o presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem”. Segundo Ribeiro, desde fevereiro de 2021, a pasta atendeu “in loco 1.837 municípios em todas as regiões do país.

Prefeitos – Prefeitos relatam que, após encontros com o Ministro da Educação, organizados por meio dos pastores, o dinheiro saia rápido para os municípios. Entre os chefes do Executivo que citam a intermediação estão o prefeito de Ijaci (MG), Fabiano Moretti; o prefeito de Dracena, interior paulista, André Kozan Lemos; e o prefeito de Ceres, no interior de Goiás, Edmario De Castro Barbosa.

O suposto gabinete paralelo formado por pastores no Ministério da Educação tem obtido uma taxa de agilidade na liberação de verbas da pasta para municípios fora dos padrões de repasses federais. Desde o começo do ano passado, os religiosos Gilmar Santos e Arilton Moura estariam controlando a agenda do ministro, intermediando encontros de prefeitos no MEC que resultaram em pagamentos e reserva de valores de até 10 milhões de reais em um espaço de dias ou no máximo duas semanas após promoverem as agendas.

Frente Parlamentar Evangélica – O deputado Sóstenes Cavalcante, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, afirmou que o ministro Ribeiro não chegou ao governo pelas mãos dos evangélicos. Já o vice-líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado federal Luís Miranda , afirmou que, em vez de receber “amigos do rei”, o ministro deveria estar mais aberto a receber parlamentares eleitos. Segundo Miranda, a sensação entre os parlamentares da frente parlamentar em relação ao caso é de que “algumas pessoas não conseguem compreender o que é o cargo de Ministro de Estado”.

CPMI – O deputado federal Professor Israel Batista, presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, protocolou no Congresso um requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, com o objetivo de investigar o suposto “gabinete paralelo” do Ministério da Educação. Outros deputados afirmam que vão acionar a Procuradoria-Geral da República para que o ministro seja investigado por suspeita de improbidade administrativa e tráfico de influência.

PT – A bancada do PT na Câmara pediu ao Supremo Tribunal Federal uma investigação contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Educação, Milton Ribeiro. De acordo com o pedido, foram cometidos crimes de emprego irregular de verbas ou rendas públicas e de advocacia administrativa.

Entidades educacionais – A organização Todos Pela Educação afirma que a suposta liberação de recursos públicos do Ministério por meio de negociações informais com pastores é um acontecimento de “enorme gravidade” nas dimensões ética, de gestão e legal. Na nota, a instituição classifica como um “ultraje” o uso indevido dos recursos educacionais em favor de “objetivos eleitoreiros do presidente da República”

Em nota conjunta, a União Nacional dos Estudantes, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e a Associação Nacional de Pós-Graduandos afirmam que estão indignadas e que se trata de um gabinete paralelo que funciona “às margens da legalidade”, num “grande balcão de negócios a céu aberto para alimentar esquemas eleitorais do presidente”. As entidades acrescentam que tudo isso ocorre num cenário da maior crise da educação brasileira, quando milhares de jovens evadem das escolas e universidades.

Sair sem ser demitido:  Segundo o Estadão, algumas fontes afirmam que há a possibilidade de essa ideia voltar para que o Ribeiro saia do MEC sem ser demitido. Ontem, após as denúncias, o próprio ministro, segundo o jornal, teria dito que pode pedir para sair do cargo e deixar o secretário executivo Victor Godoy Veiga em seu lugar. O pastor é o terceiro ministro da Educação do governo Bolsonaro, no cargo desde julho de 2020.

Flávio – O senador Flávio Bolsonaro disse que deseja que Milton Ribeiro permaneça no cargo caso o pai seja reeleito. O filho ’01’ do presidente Jair Bolsonaro afirmou que o chefe da pasta está fazendo um trabalho fenomenal na Educação, destruída por décadas de governos que atendiam militantes pedindo comunismo nas universidades.”

 

Da Redação

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