Rússia quadruplica ataques e aumenta efetivo militar para tomar o leste da Ucrânia

A rocket body stuck into a road after recent shelling on the northern outskirts of Kharkiv on February 24, 2022. - Russian President Vladimir Putin launched a full-scale invasion of Ukraine on Thursday, forcing residents to flee for their lives and leaving at least 40 Ukrainian soldiers and 10 civilians dead. Russian air strikes hit military facilities across the country and ground forces moved in from the north, south and east, triggering condemnation from Western leaders and warnings of massive sanctions. (Photo by Sergey BOBOK / AFP)

A Rússia anunciou nesta terça-feira, 19, uma nova fase de sua ofensiva na guerra da Ucrânia, uma mudança que era esperada desde a retirada das tropas de Kiev. Agora o objetivo é capturar a região de Donbas, no leste do país, onde os separatistas apoiados por Moscou lutam contra as forças ucranianas há oito anos. Ao mesmo tempo, a Rússia ampliou os ataques à Ucrânia, com mais de mil instalações militares sendo atingidas, segundo Ministério da Defesa russo.

Horas depois de o presidente ucraniano Volodmir Zelensky dizer que as tropas russas “começaram a batalha por Donbas”, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, anunciou que Moscou buscaria a “libertação completa” de Donetsk e Luhansk no leste. O governador regional de Luhansk disse nesta terça que a cidade oriental de Kreminna está agora “sob o controle” das forças russas, o que permitiria que os russos avançassem em direção a Kramatorsk, capital da região de Donbas.

Se for bem-sucedida, essa ofensiva daria ao presidente Vladimir Putin uma peça vital da Ucrânia e uma vitória extremamente necessária na guerra de sete semanas que ele poderia apresentar ao povo russo em meio a crescentes baixas e dificuldades econômicas causadas pelas sanções do Ocidente.

Também cortaria efetivamente a Ucrânia em duas e a privaria dos principais ativos industriais concentrados no leste, incluindo minas de carvão, fábricas de metais e fábricas de construção de máquinas.

No que parecia ser uma intensificação dos ataques à Ucrânia, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, major-general Igor Konashenkov, disse que mísseis lançados do ar destruíram 13 locais de tropas e armas ucranianas, enquanto a força aérea atingiu 60 outras instalações militares ucranianas, incluindo depósitos de armazenamento de ogivas de mísseis.

A artilharia russa atingiu 1.260 instalações militares ucranianas e 1.214 tropas nas últimas 24 horas, disse Konashenkov nesta terça. As alegações não puderam ser verificadas de forma independente.

Segundo autoridades ucranianas e americanas, a ofensiva de agora será muito mais metódica. Em vez de ataques relâmpagos das linhas de frente russas, as forças de Moscou – dispostas em um semicírculo que se estende de oeste a leste da cidade de Izium a Sieverodonetsk – aumentaram suas barragens de artilharia e enviaram pequenos destacamentos de tropas para operações de reconhecimento das linhas ucranianas.

Muitas das tropas ucranianas que estão em Donbas estão entrincheiradas em terraplenagens que estão lá há quase uma década.

Conhecidos como “operações de modelagem” nos círculos militares, esses ataques russos menores costumam ser precursores de movimentos de tropas maiores ou servem como distração para outras frentes. Nos últimos dias, os russos enviaram cerca de 11 grupos táticos de batalhões para o Donbas, elevando o número para cerca de 75, segundo oficiais do Pentágono. Cada grupo tem cerca de mil soldados.

Em Horlivka, uma cidade ocupada por separatistas apoiados pela Rússia, um morador disse que, após uma semana de silêncio, agora havia fogo de artilharia pesado vindo do lado russo, junto com movimentos de tropas e jatos russos sobrevoando.

Escalada

Houve ataques em toda a Ucrânia nos últimos dias, sinalizando uma nova escalada: em Kharkiv, por exemplo, a artilharia russa atingiu uma área residencial frequentemente bombardeada, matando pelo menos três pessoas. O ataque letal ocorre após dois dias de disparos de foguetes e artilharia em partes da cidade que raramente eram atingidas no mês passado.

Outras cidades como Zaporizhzhia, Lviv e Kiev, a capital, foram atingidas por mísseis de cruzeiro e fogo de artilharia enquanto as forças russas preparavam tropas terrestres para atacar Donbas.

“Em comparação com as primeiras semanas da guerra, esta próxima ofensiva é muito menos decisiva do que pode parecer”, disse Michael Kofman, diretor de estudos russos do CNA, um instituto de pesquisa em Arlington, Virgínia (EUA). “Não importa o que aconteça no Donbas, os custos provavelmente serão tão altos que os militares russos serão uma força gasta”.

Mariupol cercada

Enquanto as forças russas estão sondando as linhas de frente ucranianas e colocando forças em posição no extremo norte de Donbas, a luta no sul – ao redor da cidade de Mariupol – se transformou em um cerco completo, com os defensores ucranianos mal resistindo. Milhares de civis foram feridos ou mortos na batalha de um mês, segundo autoridades ucranianas.

Capturar Mariupol é uma parte fundamental da campanha russa na Ucrânia. A queda da cidade permitiria à Rússia completar uma ponte terrestre entre o território russo e a Crimeia ocupada. Também permitiria que as forças russas se reconstituíssem e avançassem para o norte, para posições ucranianas ao redor da cidade de Zaporizhzhia. Isso poderia permitir que eles pressionassem ainda mais as tropas ucranianas do norte e do sul, enfatizando as linhas de abastecimento e outros recursos. (Com agências internacionais).

Agência Estado

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