Rússia anuncia a formação de corredores humanitários; Ucrânia diz que proposta é imoral

Rússia prometeu cumprir acordo para formação de corredores humanitários. Foto: Divulgação ONU

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou ontem a Ucrânia que a ofensiva militar russa no país só será interrompida se Kiev parar de resistir e cumprir todas as exigências do Kremlin.

A declaração foi dada ao líder turco, Recep Erdogan, durante conversa por telefone. Putin ainda teria dito a Erdogan que Moscou está aberta ao diálogo com as autoridades ucranianas, mas que espera que os negociadores ucranianos adotem uma “abordagem mais construtiva” na próxima rodada de negociações, marcada para esta segunda-feira.

O presidente da França, Emmanuel Macron, também falou por telefone com Putin neste domingo, no momento em que a Ucrânia afirma que a Rússia está preparando um bombardeio contra o porto de Odessa.

Os dois presidentes discutiram a situação em torno das usinas nucleares ucranianas. Macron insistiu na necessidade de garantir que os padrões de segurança da Agência de Energia Atômica sejam respeitados em Chernobyl e em outras usinas nucleares. Ele disse a Putin que essas instalações não devem ser alvo de uma ofensiva russa ou de combate.

Outra autoridade que falou por telefone com Putin foi o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. A ligação aconteceu ontem, um dia após sua viagem a Moscou para discutir a invasão russa da Ucrânia.

Corredores humanitários

O porta-voz russo Igor Konashenkov disse que seis corredores humanitários serão abertos em cidades ucranianas para permitir que civis escapem da guerra.

A agência de notícias russa RIA informa que os corredores humanitários partirão de Kiev, Kharkiv, Mariupol e Sumy, que estão entre as cidades mais atacadas. Rota saindo de Kiev leva a Bielarus.

Quem está em Kharkiv só tem opção de fuga para territorio russo. Moradores de Mariupol e Sumy possuem duas opções de fuga, uma leva para a Rússia, outra para território ucraniano.

“Essa é uma proposta completamente imoral. O sofrimento das pessoas está sendo usado para criar uma imagem televisiva”, disse porta-voz da Ucrânia nessa segunda (7) em nota. “São cidadãos ucranianos, eles deveriam ter o direito de ir para território ucraniano.”

Essa declaração foi dada após a Rússia sugerir que permitirá aos ucranianos fugir para a Rússia ou para a Belarus, que é um país com tropas russas em seu território.

No final de semana, esforços para abrir uma rota de evacuação de civis de Mariupol e da cidade de Volnovakha, no sudeste do país, fracassaram. Está marcada para hoje a terceira reunião entre representantes da Rússia e da Ucrânia para tentar um acordo de cessar-fogo.

Família morta em ataque russo

Uma família ucraniana foi morta ontem na cidade de Irpin, nos arredores de Kiev, em meio a um ataque de morteiros organizado por tropas russas, que buscam assumir o controle da região. A fotógrafa Lynsey Addario registrou o momento em que soldados ucranianos tentavam socorrer o pai, o único que ainda estava vivo quando o registro foi feito. A mãe, o filho adolescente e a filha, que aparentava ter em torno de 8 anos, já estavam mortos. A fotografia foi publicada no jornal The New York Times.

https://twitter.com/KyleJGlen/status/1500432948390158338

A bagagem deles incluía uma mala, algumas mochilas e uma caixa com um cachorrinho que ficou latindo.O ataque com morteiros ocorreu quando civis tentavam cruzar os destroços da ponte para deixar a cidade com a ajuda de militares ucranianos. Os morteiros caíram primeiro a cerca de 100 metros da ponte, segundo as informações da fotógrafa, e depois em ruas próximas. Em uma delas, estava a família.Um vídeo divulgado nas redes sociais e checado pelo New York Times mostra o momento em que, com civis caminhando nas ruas com suas bagagens, os morteiros atingem o local, levando a explosões e deixando muita fumaça. Soldados, então, correm para socorrer a família, que estava em uma esquina.

Prisões na Rússia

Pelo menos três mil e quinhentas pessoas foram presas ontem, em várias manifestações realizadas na Rússia para exigir o fim da invasão da Ucrânia, em resposta ao chamado do líder opositor Alexei Navalni. Foram realizados protestos em Moscou, São Petersburgo e outras cidades russas.A Procuradoria-Geral da Rússia e o Ministério do Interior alertaram a população para não participar dos protestos, sob risco de prisão.

O TikTok anunciou ontem que vai suspender a transmissão ao vivo e o upload de novos conteúdos da Rússia. O aplicativo afirmou em nota que analisa a nova lei do país sobre “notícias falsas”. A norma prevê 15 anos de prisão quem publicar “desinformação” no país, incluindo notícias que “desacreditem” as Forças Armadas.

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